a avaliação do consumidor
A avaliação do consumidor brasileiro sobre o mercado de trabalho, medida pelo Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), recuou 0,6% entre junho e julho deste ano. Esse é o quarto resultado negativo consecutivo do índice, segundo dados divulgados hoje (8) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
De acordo com a FGV, o resultado sinaliza piora das condições do mercado de trabalho no país. Entre as quatro classes de renda analisadas pela pesquisa, a principal contribuição para o desempenho negativo do ICD veio da classe de consumidores com renda até R$ 2.100, que caiu 1,4%.
O Indicador Antecedente de Emprego (Iaemp), índice da FGV que antecipa tendências do mercado de trabalho para os próximos meses, com base em entrevistas a consumidores e empresários da indústria e do setor de serviços, também teve piora. O Iaemp caiu 1,6% entre junho e julho deste ano.
Os componentes que mais contribuíram para a queda do Iaemp foram o grau de otimismo dos empresários da indústria em relação à tendência dos negócios nos seis meses seguintes (-8,8%) e o grau de satisfação desses empresários com a situação atual (-8,4%).
Efeito Copa não beneficiou o mercado de trabalho em 2014
O comércio apresenta saldo negativo de emprego no ano, enquanto em alimentação e alojamento a criação de vagas recua desde 2010
Um dos principais argumentos do governo federal para justificar os empréstimos subsidiados para a construção dos estádios de futebol para a Copa do Mundo foi a criação de vagas de trabalho para brasileiros, sobretudo no setor de serviços. Tal retórica foi usada exaustivamente pela presidente Dilma Rousseff, com destaque para seu discurso de 10 de junho deste ano, antes do início do torneio, em que a presidente
atacou "os pessimistas". Ocorre que, da mesma forma que os estádios operam inacabados e os aeroportos ainda estão em processo de ampliação, o emprego está longe de representar um grande bônus ao país que sedia a Copa do Mundo. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e do Emprego nesta terça-feira mostram que a criação de emprego em maio
foi a pior para o mês desde 1992. No acumulado do ano, o saldo líquido é de 543 mil postos,
o pior saldo desde 2009.
O MTE afirma que o emprego na indústria é o culpado pelo resultado ruim. Segundo o ministro Manoel Dias, foi "inesperado" que o saldo da indústria de transformação ficasse negativo no mês e puxasse o resultado para baixo. Contudo, o setor industrial está longe de ser o único responsável pela desaceleração da criação de vagas. O setor de serviços, que, em tese, é o mais beneficiado pelo advento da Copa do Mundo, pois nele estão listados os segmentos de alimentação, hotelaria, entre outros, também vivencia uma espiral decrescente. O comércio, em teoria animado para atender à enxurrada de turistas, por exemplo, apresenta no ano saldo negativo de emprego de 56 mil vagas, ante saldo também negativo de 30,7 mil vagas no mesmo período do ano passado. A situação é mais alarmante no varejo, que contou com 80 mil vagas a menos entre janeiro e maio.
Os itens Alimentação e Alojamento (que integram o saldo de Serviços e têm maior potencial de crescimento em período de Copa) tiveram a criação de 73 mil vagas nos primeiros cinco meses de 2014. Em 2010, esse mesmo segmento ficou com saldo positivo de 120 mil vagas; em 2011, 115 mil vagas e, em 2012, 98 mil vagas. Já para a construção civil, o saldo dos primeiros cinco meses do ano é o pior desde 2009: 82,4 mil vagas.
Entre as 12 cidades-sede da Copa, todas registram desde 2010 queda gradual no saldo de emprego entre janeiro e maio. No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, a queda é brutal. Foram 40 mil vagas nos primeiros cinco meses de 2010 e 4.892 vagas no mesmo período deste ano. Em Manaus, o saldo ficou negativo em mais de 5 mil vagas justamente no ano da Copa. Em Recife, o saldo de emprego ficou em apenas 63 este ano.